Apesar de o participante dos Jogos Olímpicos de Londres, Oscar Pistorius, não ser considerado um verdadeiro candidato à vitória, o público assistiu com interesse às largadas deste corredor. O motivo dessa atenção é que o velocista sul-africano se tornou o primeiro paraolímpico do mundo com próteses a competir nas Olimpíadas ao lado de atletas saudáveis.
Oscar Pistorius nasceu em 1986 em Joanesburgo. O menino tinha um defeito congênito - a ausência de ambos os ossos fibulares. Os médicos insistiram na amputação de ambas as pernas abaixo do joelho e aconselharam fazer isso o mais cedo possível para acelerar a adaptação da criança. Os pais do futuro campeão concordaram com a operação quando Pistorius tinha apenas 11 meses, e aos 13 já usava próteses especiais.
Oscar frequentou uma escola regular para meninos, onde se envolveu ativamente com esportes. Apesar da doença física, ele gostava de rúgbi, tênis, corrida, pólo aquático, luta livre. Tendo sofrido uma lesão no joelho em competições escolares, Pistorius teve que abandonar algumas modalidades esportivas, em particular, de seu amado rúgbi.
O treinador chamou a atenção para o fato do jovem apresentar resultados surpreendentes nas corridas de curta distância, e o aconselhou a se concentrar neste esporte. A primeira grande largada internacional de Pistorius foram os Jogos Paraolímpicos de 2004 em Atenas. Lá, o atleta conquistou dois prêmios: medalha de bronze na corrida de 100 metros e medalha de ouro na corrida de 200 metros, mas o atleta não iria parar por aí. Começando a competir por corredores comuns, Pistorius apresentou resultados sem precedentes: no torneio de Roma em 2007, conquistou a prata nos 400 metros.
Parece que uma série de largadas bem-sucedidas em competições para corredores comuns prenunciaram a Oscar Pistorius uma brilhante carreira esportiva, mas em 2008 a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) decidiu retirar o atleta de participar de torneios não destinados a pessoas com deficiência. Sua decisão foi baseada na pesquisa de que próteses leves e elásticas deram a Pistorius uma vantagem sobre os corredores regulares.
Para correr, o atleta usa próteses Cheetah Flex-Foot, especialistas islandeses, que custam mais de US $ 30 mil. Graças a eles, Pistorius ganhou o apelido de "Blade Runner". Essas próteses são feitas de plástico reforçado com fibra de carbono, que é um material durável, mas muito leve. Apesar de alguns dos benefícios que proporcionam ao corredor, as próteses também dificultam a competição, dificultando o encurralamento e retardando a largada. Esses argumentos ajudaram Pistorius a contestar a decisão da IAAF, recorrendo ao Tribunal Arbitral do Esporte.
O atleta não conseguiu se classificar para as Olimpíadas de Pequim, mas participou dos Jogos Paraolímpicos de 2008. Essas competições renderam a Pistorius 3 medalhas de ouro e um recorde paralímpico a 400 metros de distância. Continuando com o treinamento intensivo, o atleta se esforçou para realizar seu sonho acalentado - competir nos Jogos Olímpicos de verão. O ano de 2011 ficou marcado por mais uma vitória de Oscar Pistorius: ele se tornou o primeiro amputado paraolímpico do mundo a correr 400 metros em menos de 46 segundos.
O recorde pessoal do atleta na pequena cidade italiana de Lignano (45,07 segundos nos 400 metros) permitiu que ele se classificasse para o Campeonato Mundial de Atletismo de 2011 e as Olimpíadas de Londres. Tendo atuado no Campeonato do Mundo nas semifinais do revezamento 4x400 m como integrante da seleção sul-africana, Pistorius conquistou a medalha de prata.
O principal evento de 2012 para o atleta foi a atuação nos Jogos Olímpicos. Na competição individual, Oscar Pistorius não conseguiu chegar às últimas corridas, mas teve a sorte de participar da final do revezamento 4x400m masculino pela seleção nacional de seu país. Oscar conseguiu a quarta etapa final. Após o resultado do revezamento, a seleção sul-africana conquistou o oitavo lugar. Apesar de seu desempenho malsucedido nas Olimpíadas de 2012, Oscar Pistorius provou por exemplo pessoal que uma deficiência física não deve ser um obstáculo para a realização de um sonho.